Contaminação por chumbo e outros metais ameaça moradores de Brumadinho
Comissão de Saúde recebe denúncia de que, em razão da mineração, crianças expostas a elementos químicos apresentam deficiências no desenvolvimento neurológico.
A contaminação de famílias, incluindo adultos e crianças, nas comunidades de Aranha, Melo Franco e outras no município de Brumadinho (Região Metropolitana de Belo Horizonte), em razão da mineração e de crimes cometidos pela Vale, será debatida em audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta quarta-feira (7/12/22).
A reunião será realizada no Auditório José Alencar, a partir das 9h30, atendendo requerimento da deputada Leninha (PT) e do deputado João Vítor Xavier (Cidadania).
O agendamento da audiência pública responde a uma solicitação dos próprios moradores dos distritos de Aranha e Melo Franco, que estão alarmados com o resultado de exames de sangue e urina realizados em 2021 pela Fiocruz e Universidade Federal do Rio de Janeiro que indicaram a contaminação de adultos e crianças por níveis elevados de chumbo, arsênio, manganês, mercúrio e cádmio.
De acordo com os moradores, os resultados foram apresentados em 10 de fevereiro de 2022. O diagnóstico assustou as comunidades. Segundo eles, o arsênio foi encontrado em concentrações acima do valor recomendado em 43% da população estudada. Deste percentual, 55% são crianças da comunidade de Aranha. Outros 12,9% apresentaram valores acima do recomendado para chumbo. Também foi apontada contaminação por mercúrio.
Na avaliação do neurodesenvolvimento das crianças, 48,6% não foram consideradas com desenvolvimento normal. Os resultados impressos foram entregues para todos os moradores.
“Não somos contra o progresso, o desenvolvimento, mas acreditamos que é possível um modelo sustentável e socialmente justo, com empreendimentos mais respeitosos com os homens e com a natureza. Não é possível lidar com naturalidade com projetos de mineração que exaurem nosso solo, contaminam a água escassa e deixam para trás um rastro de lama e dor. Mar de lama nunca mais, é por isso que lutamos aqui no Parlamento, porque o desenvolvimento não pode legitimar a morte”, afirmou a deputada Leninha, ao comentar a necessidade de se fazer justiça aos moradores atingidos.
Participação
Entre os convidados para a audiência pública, está confirmada a participação de Zélia Maria Profeta da Luz, coordenadora de Estratégias de Integração Regional e Nacional da Presidência da Fiocruz e coordenadora do Observatório em Desastres da Mineração: gestão em riscos e Direitos Humanos do Instituto René Rachou – Fiocruz Minas.
Também estão confirmados o advogado e ativista da Comissão pela Água dos Moradores do Tejuco/Renser, Marco Antônio Moreira Cardoso; o integrante da Comissão Pastoral da Terra, Alexandre Gonçalves; a coordenadora do Assentamento Pastorinhas de Brumadinho, Valéria Antônia Silva Carneiro; e Schirlene Gerdiken, moradora da comunidade de Aranha.