A Polícia Militar de Minas Gerais(PMMG) e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio da 11ª Promotoria de Justiça de Belo Horizonte e da Coordenadoria Estadual de Combate aos Crimes Cibernéticos – Coeciber, com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPMG, do Gaeco MPMT, do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa da Ordem Econômica e Tributária (Caoet) do MPMG e das polícias civil e militar do Mato Grosso, realizou, nesta quarta-feira, 6 de março, a Operação “Camaleão”. A ação cumpriu ordens judiciais de prisão preventiva e de busca e apreensão nas cidades de Cuiabá e Várzea Grande, no Estado do Mato Grosso, contra integrantes de grupo criminoso especializado em golpes por meio do aplicativo Whatsapp.
Ao todo, foram pressas preventivamente sete pessoas e cumpridos 14 mandados de busca. Além disso, foi decretada a indisponibilidade de R$ 1,8 milhão em bens e ativos dos investigados, para fins de futuro ressarcimento às vítimas. São mais de sete meses de trabalho realizado pelo Serviço de Inteligência do MPMG e da PMMG para identificação dos autores e do modus operandi. De acordo com as investigações, iniciadas em junho de 2021, uma organização criminosa foi constituída no Mato Grosso para aplicar golpes em vítimas de diversos estados do país. A organização dividia as funções de seus membros basicamente em dois núcleos. O núcleo operacional era responsável por obter dados das vítimas, habilitar chips de telefonia para uso exclusivo na aplicação de golpes, enviar mensagens de Whatsapp para as vítimas se fazendo passar por familiares delas e solicitar a transferência de valores para contas que indicavam, alegando tratar-se de situações urgentes. O núcleo financeiro, por sua vez, era responsável pelo fornecimento de contas bancárias e chaves PIX para serem indicadas às vítimas, pelo recebimento dos valores oriundos dos golpes e pelo seu rápido saque ou transferência, de modo a evitar a recuperação do prejuízo pelos ofendidos e a garantir a distribuição do proveito ilícito entre os membros da organização. Segundo apurado, muitos dos estelionatos consumados foram cometidos contra vítimas de Minas Gerais. Os indícios até o momento colhidos indicam que a organização criminosa movimenta a quantia aproximada de R$ 10 mil por dia útil, o que representa cerca de R$ 1,8 milhão de prejuízos ocasionados às diversas vítimas. O nome da operação (Camaleão) faz referência ao fato de os estelionatários se “camuflarem” para enganar as vítimas e mudarem constantemente de identidade utilizada no Whatsapp. De acordo com a porta-voz da PMMG, major Layla Brunnela, foi um trabalho intenso da Diretoria de Inteligência da instituição, com nove policiais militares atuando especificamente no caso. Segundo a major, os trabalhos de Inteligência começaram a partir do cruzamento de dados de boletins de ocorrências. Foram mais de 10 mil horas de trabalho e 17 mil mensagens analisadas. “Uma operação interestadual que teve como objetivo combater quadrilhas que têm afligido não só a população mineira, mas todo país, e que teve cem por cento de sucesso, já que todos os alvos foram presos e uma série de equipamentos apreendidos”, destacou. “A operação também contou com o apoio do Comando de Aviação do Estado (Comave), da corporação”, finalizou. Crime de grande incidência Conforme apurado pelo Coeciber, o crime de estelionato mediante fraude eletrônica por meio do aplicativo tem sido um dos delitos de maior incidência no país. “Surgiram organizações criminosas especializadas na obtenção de dados pessoais e vínculos familiares, com consequente utilização para obter proveitos enganando parentes dos titulares dos dados através de mensagens pelo aplicativo Whatsapp”, explica o promotor Mauro Ellovich. Segundo ele, desde 2021, o MPMG e a PMMG têm intensificado a atuação contra esse tipo de crime. Em novembro do ano passado, o MPMG divulgou um levantamento com os registros de ocorrência desse crime em MG. Na ocasião, a Coeciber promoveu uma campanha contra o golpe por meio de conteúdos publicados em redes sociais e veículos de imprensa, especialmente com dicas sobre como evitar o golpe e que providências adotar caso seja vítima dele.
Autor: MPMG/PMMG